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História

Pandemias na História: Peste Negra e o Novo Olhar do Homem

O Homem na Pandemia

Durante toda nossa existência a humanidade passou por várias pandemias que mudaram completamente o cenário do homem naquele espaço tempo, tudo ao redor dele se transformara para algo danoso, é difícil para nós imaginar a alteração que estas pessoas passaram, mas algo que a história nos mostra é que, as gerações passam, e o homem perde a sensibilidade de seus antepassados.

Apesar de depois da criação da escrita, onde a ideia de memória passou a ter significado eterno, passamos a registrar estas ocorrências. A pandemia de Tucídides e Péricles na Grécia (430 a 429 a.C.) e a de Justiniano e Gregório o Grande (541 a 750 d.C.) tiveram impactos inimagináveis a uma mente que nunca estudou o assunto. Ao debruçarmos a leitura, ficamos atônitos com a vastidão da virulência e de seus danos, mas nada foi igual a pandemia que ocorrera na Idade Média: a Peste Negra.

Uma imagem comum na Idade Média

A Peste Negra

A história mais comum sobre a chegada ou início desta pandemia é a de que ela aportou na Sicília em 1347 com a vinda de 12 navios genoveses. Mas até a chegada deste navio a Europa, algo anterior já estava acontecendo. O historiador John K. Fairbank conta em “The Cambridge History of China” que durante a década de 1330 a China passava por vários desastres e pragas naturais, e que uma incursão do exército mongol de Jani Beg a cidade de Kaffa (Hoje Crimeia, na Ucrânia) tenha sido a causa da chegada da peste a Europa. Com a cidade sob cerco, tendo até, segundo relatos, sido bombardeada por cadáveres infectados, projetados por catapultas mongóis – os mongóis já estavam cientes da doença e vieram a guerra com ela – não demorou muito até que as pessoas dali fugissem em barcos a busca de refúgio em outras cidades.

Desta data em diante a Europa viveu em grave estado de morte por todos os cantos. Estimasse que morreram entre 75 a 200 milhões de pessoas. Estudos atuais constataram que a bactéria da peste negra era a “Yersinia pestis”, a mesma que atingiu Constantinopla em 541 d.C., a Praga de Justiniano. A forma como se alastrou fora maior que qualquer outra pandemia registrada, em 6 anos toda Europa praticamente já relatava danos providos pela peste. Este vírus em grande parte hospedava-se em pulgas, elas viviam nos animais, e estes por sua vez viviam entre os humanos. Fora somente no século 19 que o homem considerou a higiene como algo que o preveniria da doença, foram muitos os fatores que colaboraram para este genocídio que uma bactéria fez contra humanidade.

O auge da pandemia aconteceu entre os anos de 1343 a 1353, porém, surtos vinham e iam durante séculos a frente com muita frequência. Segundo o historiador William J. Hays durante os anos de 1346 a 1671 não houve um ano sem a existência da pandemia em alguma parte. Ela cruzou grande parte da história e de seus acontecimentos, porém de forma bem mais reduzida, a ponto de pouco ser relatada em livros. O continente Africano e boa parte da Ásia também chegaram a ter grande parcela de suas populações dizimadas. A peste estava em todo lugar, e junto com ela a morte. 

O Triunfo da Morte – Pieter Brueghel

Uma Nova Realidade ao Homem

O que um homem que presenciava tal evento via? Mortes de amigos e familiares, conhecidos nas ruas e ao lado mais e mais carcaças. O ambiente outrora luminoso, se tornava cada vez mais cinza e lúgubre. Se este homem sobreviver, estará só e em meio a um passado de mortes, um presente sem vida, e um futuro vazio. Aos da corte, a morte também vinha, aos clérigos, certamente, não existe distinção para a morte, ela estava ali, e o homem se tornava cada vez menos como ser. Parte destes pensamentos foram incorporados a cultura Europeia, de modo que, a música, a arte, a literatura e qualquer outra manifestação do homem eram providas de um sentimento reflexivo sobre a morte.

Uso a palavra “morte” constantemente de forma intencional, pois ela estava em toda parte e assim neste texto também estará. Surge neste período a Danse Macabries (Dança da Morte), basicamente um festim da própria morte, que criou ali um aspecto personificado, e tinha então a liberdade de vagueio entre os vivos para assim, como uma dança, tomar a mão de quem for para seus últimos passos. Se o leitor desejar ouvir este sentimento, Camille Saint-Saëns ofereceu isto com uma obra prima em forma de música em 1870 tendo o mesmo nome: Danse Macabre.

A morte havia triunfado e este homem que nasceu junto com este olhar, teve sua espiritualidade afetada. A vida se tornou mais física, mais precoce e também mais vivida. Alguns estudiosos ousam dizer que este foi um dos motivos para o surgimento do período Renascentista. Mas tudo com o tempo passa, e com isso, a lembrança cada vez se torna mais vaga, e então as pandemias se tornaram histórias ou relatos de lugares inóspitos. Hoje estamos vivemos nem mesmo uma tímida parcela do que povos antigos aqui relatado viveram, e este curto tempo já foi o suficiente para que a mentalidade de muitas pessoas se alterassem. Caro leitor, convido-o a depois de toda esta leitura, refletir sobre como se tornará a mente do homem nestes tempos de pandemias.

Referencias:

FAIRBANK, John K., TWITCHETT, Denis C. The Cambridge History of China. UK, 1978.

HAYS, William J. The Burdens of Disease. USA, 1998

Sournia, J. C. & Ruffie, J. As Epidemias na História do Homem. Lisboa, Edições 70, 1964.

Vitor Guerino

Me chamo Vitor Guerino P. de Oliveira, tenho 24 anos e resido na cidade de São Paulo. Graduando em história e estudante assíduo de filosofia - minha maior paixão - e política, estou sempre presente na vida acadêmica publicando artigos científicos relacionados bem como em seminários e entre outros estudos focados. Minha especialidade mora na História Antiga, bem como sua Filosofia. Sou também cursado em ciências políticas, fluente em inglês e atuo na área de pesquisas. Colunista do jornal Duna Pess.

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