Rainhas na História: Luísa de Mecklemburgo-Strelitz, Rainha da Prússia

A Rainha Luísa da Prússia foi a famosa esposa de Frederico Guilherme III, rei da Prússia, e reinou entre os anos de 1797 a 1810. Foi conhecida principalmente pela famosa reunião pessoal com Napoleão Bonaparte que acabou por despertar grande atração pública a sua pessoa.

Retrato por Josef Maria Grassi, 1802
Vida antes da realeza.
Luísa nasceu aos arredores do ducado de Hanôver em 10 de março de 1776. Filha de Carlos II, Grão-Duque de Meclemburgo-Strelitz e de Frederica de Hesse-Darmstadt. Aos 6 anos, Luísa perde sua mãe e ao passar de dois anos seu pai decide envia-la aos cuidados de sua avó materna.
Sua estada com sua avó durou até seu casamento aos 17 anos com o até então príncipe Frederico Guilherme de 23 anos. Neste meio tempo sua infância fora marcada por bastante modéstia e humildade. Luísa confeccionava suas próprias roupas, fazia caridade frequente aos mais necessitados, acompanhava a governanta entre suas viagens além de ser instruída em alguns idiomas e na liturgia luterana da época. Há de se ressaltar que possuía um grande fascínio pela literatura e teatro alemão, tendo forte interesse por Friedrich Schiller e Goethe por exemplo.
Os acontecimentos seguintes ocorreram de forma natural e rápida. A avó de Luísa levara suas netas para prestar condolências ao rei Frederico Guilherme II da Prússia, neste momento, Luísa já possuía esplendorosa beleza e ciente disto, seu tio arma uma atmosfera propicia para conseguir um lugar para suas sobrinhas na corte. O que gerou grande êxito, pois o príncipe-herdeiro, Frederico Guilherme se apaixonou à primeira vista por Luísa e logo a pediu em casamento. Isto tudo ocorrera em meados de abril de 1793, em dezembro do mesmo ano ambos já estavam casados.

Rainha Consorte da Prússia.
Após o casório, o casal fora morar no interior, optando assim por uma vida mais isolada e próxima a natureza. Ela logo cativou todos que a viam e teve com seu marido os melhores anos de sua vida. Em novembro de 1797 seu marido toma posse do trono do Reino da Prússia após a morte de seu pai. Agora o casal tinha de fazer presença na capital e do burburinho da corte.
Os protocolos da época não permitiam a presença da rainha em viagens com o rei, tais viagens tinham o intuito de fazê-lo conhecer as provinhas e as pessoas presentes nela, entretanto, Frederico fazia questão de obedecer ao desejo de sua esposa de acompanha-lo, com isto, a Rainha Luísa se fazia presente em quase todas as ações e movimentações do Rei.

A Rainha fazia questão de estar presente aos assuntos políticos da corte, ela logo criou laços com os ministros e tinha sempre opinião sobre os assuntos do Estado. O Rei Frederico, por vezes demasiado hesitante e cuidadoso consultava sua esposa em toda ação de governo.
Sua política estrangeira seguia aos moldes do pai, a de evitar quaisquer conflitos e trabalhar somente na manutenção da paz. Isso se manteve durante a República Revolucionaria Francesa e posteriormente a Napoleão.
A neutralidade é abandonada quando Napoleão começa as invasões por suas terras em 1806, trava-se então a Batalha de Jena e Auerstedt pelo controle das regiões com o mesmo nome. A campanha foi desastrosa para a Prússa que perdeu rapidamente. Frederico e Luísa então fogem de Berlin. Em 1807 o imperador Francês propõe a Paz de Tilsit que colocava nas costas do Rei e da Prússia fortes embargos, tornando sua existência quase que desonrosa.
O Rei Frederico então tem a ideia de enviar a esposa para que convencesse Napoleão a ser mais cordial frente a um inimigo derrotado. Pensava ele que a graciosa imagem de sua Rainha, bem como seu entendimento político e popularidade, sem falar no estado de gravidez aparente, fragilizariam de alguma forma Napoleão.
Luísa acreditava em sua vitória, porém, Napoleão ignorou os pedidos e permaneceu com os duros impostos encima do Reino da Prússia. Os anos seguintes Luísa dedicará a preparar o filho para o futuro reinado e também a reforma administrativa do Estado que passava por sérios problemas.

Morte e Legado.
Em 1809 o casal real decidi voltar a Berlin, evitava-o até então para preservar contra quaisquer perigos que poderiam acontecer. A Rainha passa o ano inteiro doente e em julho de 1810 numa visita ao pai a Luísa sucumbe a fatiga e morre nos braços de Frederico aos 34 anos. O Rei então cai em profunda depressão, tudo isto em meio ao caos napoleônico e ao reino que necessitava de uma reforma urgente. Napoleão escreve: O rei tinha perdido o seu melhor ministro.
Com tamanho amor popular, criou-se um culto a rainha após sua morte. Pessoas simples, mulheres em busca de encorajamento, filósofos, historiadores, músicos, poetas, literários, todos se embebedavam na figura de Luísa, tornando-a ser perfeito que posteriormente seria chamada de “personificação da Alemanha”.
Em 1814, o Rei Frederico cria a ordem de Luísa (Luisenorden) que ofereceria a qualquer mulher que demonstrasse coragem nos esforços contra Napoleão. Posteriormente várias mulheres conservadoras alemãs criam a “liga da Rainha Luísa” que chegará ao estatuto de culto. O grupo teve forte papel na construção e afirmamento do patriotismo e nacionalismo alemão, enfatizando sempre os bons valores como a família e ética.
A corrente filosófica romanticista alemã se aprofundou fervorosamente na figura de Luísa, o filosofo Novares, por exemplo, teve parte de suas obras inspiradas em sua figura. A Rainha foi exemplo enquanto viva, e transcendeu as décadas seguintes por toda parte, sendo sempre recorrida em momentos de dúvidas e dificuldades.
Ela foi exemplar ao casamento e a nação até seu fim.
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Referencias.
KITCHEN, Martin. História da Alemanha Moderna. São Paulo: Editora Cultrix
HUDSON, Elizabeth Harriot. The Life and Times of Louisa, Queen of Prussia. London: Hatchards Piccadil, 1878.