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UFSM transforma dejetos suínos em fertilizante orgânico granulado

O projeto também permite o lançamento da fração líquida dos dejetos em mananciais de água, sem prejudicar o meio ambiente; outra proposta da tecnologia é viabilizar a implantação de uma fábrica de fertilizante na região.

Um projeto inovador implantado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Campus Frederico Westphalen, em 2018, tem como proposta contribuir com a ampliação de empreendimentos voltados à suinocultura e, ao mesmo tempo, minimizar os impactos gerados pelos dejetos de suínos, tendo em vista a perspectiva de aumento da atividade na região.

Trata-se do Projeto Sistars-GFO (Sistars: Sistema de Tratamento de Águas Residuárias de Suinocultura; GFO: Granulação de Fertilizante Orgânico). Sob coordenação do engenheiro-agrônomo e professor-doutor Clovis Orlando Da Ros, a iniciativa conta com a participação de outros professores da instituição, técnicos de laboratório, graduandos dos cursos de Agronomia e Engenharia Ambiental e Sanitária e alunos do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental.

Implicações do uso de dejetos na forma líquida em lavouras

O Brasil se consolida como o quarto produtor mundial de suínos – 41 milhões de cabeças/ano, segundo o IBGE, ano 2018. Já a região Sul do país, concentra os maiores estados produtores – 1º Santa Catarina, 2º Paraná e 3º Rio Grande do Sul – com a produção anual atingindo os patamares de 20,5 milhões de cabeças. No Rio Grande do Sul, o destaque vai para a Região Noroeste gaúcha, em especial a microrregião de Frederico Westphalen (27 municípios), que corresponde a uma produção anual de 670 mil suínos, com perspectiva de aumento.

Fazendo um recorte desta microrregião, a estimativa de produção de dejetos líquidos (águas residuais) é de 2 milhões de litros por dia, o que representa um alto passivo ambiental. Muitas alternativas têm sido apontadas para contribuir no correto descarte de dejetos, já que toda unidade de criação de suínos necessita obrigatoriamente possuir uma área específica para este fim. Atualmente, a maioria dos dejetos são armazenados em esterqueiras que, posteriormente, são aplicados nas lavouras como fertilizante orgânico. De fato, estes possuem um alto potencial fertilizante, mas também contaminante se manejado de forma incorreta, alerta o professor Da Ros. 

– Apesar das normativas, a aplicação dos dejetos líquidos por vários anos na mesma área, sem critérios agronômicos, leva ao aumento dos teores de fósforo, cobre e zinco no solo acima dos níveis críticos ambientais. Estes elementos, apesar de serem nutrientes, são também contaminantes – explica.

Ele também ressalta que outro nutriente que pode se tornar um contaminante é o nitrogênio. 

– Este é bastante móvel no solo e tende a acumular em mananciais de água. Valores acima de 20 mg por litro de nitrogênio na forma amoniacal torna a água imprópria para o consumo humano. Pesquisas realizadas na UFSM/FW já observaram valores elevados de nitrogênio na água de nascentes, rios e também de poços artesianos. Outra implicação é disseminação de organismos patogênicos (ex.: coliformes), principalmente quando o dejeto não foi estabilizado dentro das esterqueiras – relata Da Ros.

Projeto surge como uma alternativa para este cenário

Além de contribuir para o cenário de crescimento da atividade na região, o projeto se propõe a minimizar o passivo ambiental gerado pelos dejetos de suínos. Diferente da prática majoritariamente usada nas pocilgas (armazenamento em esterqueiras e, posteriormente, aplicação nas lavouras), o projeto possibilita a separação da fração sólida da fração líquida dos dejetos (fração líquida: depois da remoção dos contaminantes, esta pode ser lançada diretamente em mananciais de água; fração sólida: pode ser usada como matéria-prima para produção de fertilizantes orgânicos, na forma granulada). Confira:

Os processos são desenvolvidos no próprio Campus da UFSM/FW e contam com o apoio das empresas frederiquenses Bakof e Alessi Mineração, além do Departamento de Ciências Agronômicas e Ambientais, CNPQ e Fipe, que disponibilizam bolsas de iniciação científica para os estudantes envolvidos. 

– É muito importante que os dejetos sejam tratados, alerta que fica especialmente para os próximos empreendimentos que serão construídos. Caso contrário, aumentará o passivo ambiental na região, com maior contaminação do solo e, principalmente, limitação de água com padrões para o consumo humano – reforça Da Ros.

Além disso, o projeto já delimitou processos e tecnologia para implantar sistemas de tratamentos para os novos empreendimentos de suinocultura e para os já implantados, sem a necessidade de área para descarte de dejetos, o que deverá contribuir com o aumento de investimentos na atividade.

É válido salientar que articulações estão sendo feitas e planejadas em âmbito acadêmico para disponibilizar o sistema à comunidade. Portanto, a estimativa de custo não foi disponibilizada. Mais informações sobre o projeto podem ser obtidas diretamente com o coordenador através do e-mail  clovisdaros@gmail.com.

Projeto pretende viabilizar a implantação de uma fábrica de fertilizante na região

Gerar matéria-prima para viabilizar a implantação de uma fábrica de fertilizante na região também está entre as propostas do projeto. De acordo o coordenador, para se ter ideia, uma empresa voltada à venda de fertilizantes teria uma receita bruta de R$ 5 milhões/ano. 

– Se a quantidade de dejetos de suínos gerada na microrregião de Frederico Westphalen fosse tratada (670 mil animais – 2 milhões de litros por dia com 3% sólidos), geraria 60 toneladas de fração sólida, equivalente a 70 sacos de ureia (45% de N) e 90 sacos de superfosfato triplo por dia (45% de P2O5), o que anualmente geraria uma receita de R$ 5 milhões – analisa.

Fonte: gov.br / Imagem em destaque: Novorural.com

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Leonardo Garbossa

Colunista associado para o Brasil em Duna Press Jornal e Magazine, reportando os assuntos e informações sobre atualidades sócio-políticas e econômicas da região.

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